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Desemprego sobe para 11,6% em fevereiro, pré-pandemia, e atinge 12,3 mi

A taxa de desocupação no Brasil subiu para 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa é 0,5 ponto percentual maior do que a do trimestre de novembro a janeiro, quando o desemprego ficou em 11,2% e 0,8 ponto menor se comparada ao mesmo trimestre do ano anterior (12,4%).

O aumento, na comparação com o trimestre terminado em janeiro interrompeu dois trimestres seguidos de quedas estatisticamente significativas no desemprego, segundo o IBGE, e foi puxada pelos setores de construção (-4,4%), administração pública (-2,3%) e serviços domésticos (-2,4%).

“A construção não sustentou o movimento de recuperação que ela vinha apresentando no fim do ano passado. Já a administração pública tem uma sazonalidade, pois ela dispensa pessoas no fim e no início do ano em função de términos nos contratos temporários das prefeituras, nas áreas de educação e saúde, retomando as contratações a partir de março, após a aprovação dos orçamentos municipais. O serviço doméstico está muito ligado ao período de férias das famílias, as dispensas das diaristas, já que muitas famílias viajam, interrompendo a demanda por esse serviço”, avalia a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, em material de divulgação do Instituto.

Com isso, o Brasil registra 12,3 milhões de pessoas desocupadas, 479 mil a mais do que tinha no trimestre móvel anterior. Em relação ao registrado no período há um ano, são 711 mil desempregados a menos.

Os números, no entanto, são anteriores ao agravamento da pandemia de coronavírus, que exige medidas de isolamento social que atingem duramente empresas e trabalhadores e devem gerar uma alta relevante do desemprego nos próximos meses.

“Esperamos que o Brasil sofra uma acentuada deterioração da atividade em 2020 (-3,4%), o que provavelmente desencadeará uma deterioração significativa da já fraca queda do mercado de trabalho”, diz Alberto Ramos, diretor de pesquisas do Goldman Sachs para América Latina, em relatório enviado nesta manhã a clientes.

Uma projeção da GO Associados, feita a pedido da EXAME, na semana passada, mostra que, no auge da crise, em maio, o desemprego pode chegar a 15,5%. Isso significa 16,5 milhões de desempregados, quase 5 milhões a mais do que atualmente. Esse cenário não leva em consideração as medidas anunciadas pelo governo para evitar que as empresas anunciem demissões em massa na crise.

38 milhões na informalidade
Já a taxa de informalidade caiu de 41,1% no trimestre de setembro a novembro de 2019 para 40,6% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, mais ainda atinge 38 milhões de pessoas, calcula o IBGE.

Nesse grupo estão os trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, os conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.

“A gente ainda vive sob a influência do mês de dezembro, em que tivemos um desempenho muito bom das contratações com carteira trabalho. Muitas pessoas foram contratadas via carteira de trabalho no comércio, o que deu um pouco mais de consistência aos dados de formalidade. Isso pode estar contribuindo para a queda na quantidade de informais”, diz Beringuy.

Outro reflexo da queda da informalidade, destaca o IBGE. foi o aumento no rendimento, que subiu 1,8% no trimestre encerrado em fevereiro em relação ao período imediatamente anterior, para R$ 2.375.

A Pnad traz ainda que o total de pessoas fora da força de trabalho em fevereiro chegou a 65,9 milhões, um recorde desde o início da pesquisa, no primeiro trimestre de 2012.

Esse contingente é formado por pessoas que não procuram trabalho, mas que não se enquadram no desalento (pessoas que desistiram de procurar emprego). Os desalentados somam 4,7 milhões, o que, segundo o IBGE, mostra um quadro estatisticamente estável em ambas as comparações.

A taxa de subutilização da força de trabalho ficou estável em 23,5% ante o trimestre anterior. Há um ano, essa taxa era 1,1 p.p. maior (24,6%). Além da população desocupada, os subutilizados reúnem os subocupados (disponíveis para trabalhar mais horas), os desalentados (que desistiram de buscar emprego) e uma parcela que não consegue procurar trabalho por motivos diversos.

Já a população desalentada (4,7 milhões) ficou estatisticamente estável em ambas as comparações, assim como o percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (4,2%)., informou o IBGE.

Coronavírus
Em fevereiro, a pandemia ainda não havia atingido o comércio no Brasil, mas a redução da demanda global, sobretudo a chinesa, por insumos e as incertezas quanto ao futuro já influenciavam decisões de investimentos. Foi em fevereiro também que o primeiro caso no Brasil foi registrado, no dia 25. O país já tem 159 mortes e 4.579 infectados confirmados.

As medidas de isolamento social no país têm inviabilizado também a coleta de informações feita na produção da Pnad e do IPCA, que mede a inflação oficial. Apesar de o IBGE ter anunciado que vai fazer as entrevistas por telefone, especialistas acreditam na possibilidade de haver mudanças significativas no resultado final.

A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia, também tem tido dificuldade na coleta de informações para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A pasta avisou ontem que não foi possível consolidar os dados do mercado formal referentes aos dois primeiros meses do ano em função da falta de prestação das informações sobre admissões e demissões por parte das empresas. “O cenário de pandemia causada pela Covid-19 tem dificultado a autorregularização de parte das empresas”, informou por meio de nota.

Economistas do governo e do setor privado acreditam que o contágio no país deve atingir seu pico entre abril e maio e que a atividade deve começar a se recuperar em junho. Ainda é cedo para entender, porém, como o mercado de trabalho var reagir depois que o país retomar a normalidade, já que maior parte dos empregos depende da confiança de empresários e investidores numa retomada.

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