Bahia

‘Queimou minhas mãos e me deu pauladas’, veja relato de homem torturado por ex-patrão

G1 – O jovem William de Jesus, de 21 anos, relatou com detalhes os momentos de horror que passou enquanto era torturado pelo ex-chefe, o empresário Alexandre Carvalho Santos, junto com o colega Marcos Eduardo, em Salvador. As agressões ocorreram após um suposto furto de R$ 30. Os trabalhadores negam que tenham pegado o dinheiro.

“Ele queimou minhas mãos e me deu várias pauladas”, detalhou o jovem que teve as mãos queimadas com o número 171, em referência ao crime de estelionato.
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O crime ocorreu em 19 de agosto, mas só foi denunciado à Polícia Civil no dia 26. As agressões foram motivadas por um suposto furto de R$ 30. O caso também é investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-BA).

Os jovens ficaram extremamente abalados após o ocorrido, conforme explicou William. “Não consigo dormir direito, não consigo viver direito com toda essa situação. Preciso de um trabalho, porque estou desempregado e passando por necessidade”.

Além disso, o jovem também afirmou ter medo de que as marcas das queimaduras não saiam de suas mãos.

O outro jovem, Marcos Eduardo, foi agredido a pauladas e afirmou, nesta segunda-feira (29), que o ex-chefe já havia acusado outros três funcionários de roubo, mas não detalhou quando essas casos ocorreram.

“Ele já acusou outros funcionários de roubo. Eu fiquei quase um ano trabalhando com ele e, nesse período, ele demitiu três funcionários por roubo, acusando sem ter provas”, relatou.
As duas vítimas já prestaram depoimento na delegacia. Além delas, o empresário Alexandre Carvalho Santos também falou com a polícia. Um segundo homem, que filmou a tortura, também deve ser ouvido.

Tortura física e psicológica

Além das agressões físicas, os jovens também sofreram tortura psicológica, conforme detalhou William de Jesus.

“Ele falou: ‘eu só não vou queimar sua testa porque você já é feio. Com a testa queimada vai ficar mais feio ainda, então vou queimar na mão'”, relatou.

RELATO DE FUNCIONÁRIO: ‘Queria que eu confessasse, mas eu não roubei nada’
Willian contou que no dia da agressão chegou para trabalhar, e foi pego em uma “emboscada” montada pelos suspeitos. Durante a sessão de tortura, os homens queriam que ele confessasse o suposto roubo. “Eu falei: ‘não vou confessar nada, porque eu não roubei nada'”, enfatizou.

Marcos Eduardo, que também foi agredido com pauladas nas mãos, contou que está traumatizado e que sofreu ameaças de morte.

“É traumatizante. Eu não durmo direito, me assusto de madrugada porque ele me ameaçou de morte. Falou que, se não tivesse gostado [da tortura], era para dar queixa”.
“Eu não preciso disso [roubar]. Eu tenho um filho, pago aluguel, trabalho. Acordava às 5h da manhã todos os dias, para trabalhar para ele. Saía quase 20h da noite. Fechava a guia e ainda ficava”.

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